sábado, 27 de agosto de 2011

Manuel Cruz - Ninguém É Quem Queria Ser




somos a fachada
de uma coisa morta
e a vida como que a bater à nossa
porta
quando formos velhos
se um dia formos velhos
quem irá querer saber quem tinha razão
de olhos na falésia
espera pelo vento
ele dá-te a direcção

ninguém é quem queria ser
eu queria ser ninguém

a idade é oca e não pode ser motivo
estás a ver o mundo feito um velho
arquivo
eu caminho e canto pela estrada fora
e o que era mentira pode ser verdade
agora
se o cifrão sustenta a química da vida
porque tens ainda medo de morrer
faltará dinheiro
faltará cultura
faltará procura dentro do teu ser

ninguém é quem queria ser
eu queria ser ninguém

diz-me se ainda esperas encontrar o
sentido
mesmo sendo avesso a vê-lo em ti
vestido
não tens de olhar sem gosto
nem de gostar sem ver
ninguém é quem queria ser

ninguém é quem queria ser
eu queria ser ninguém


José Saramago - falsa democracia

domingo, 14 de agosto de 2011

Deadly Instinct Pictures - National Geographic

Deadly Instinct Pictures - National Geographic
"Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
 dos tantos risos e momentos que partilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das 
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do 
companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum
 desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que 
trocaremos.Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...


Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar
 cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo....
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons 
anos da minha vida!"

A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.

E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes 
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a
 viver a sua vida, isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes 
que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a 
causa de grandes tempestades....

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
 morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos 
os meus amigos!"








Fernando Pessoa

É com esse que eu vou

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A força do hálito é como o que tem que ser.
E o que tem que ser tem muita força.

Vai(ou vem) um sujeito,abre a boca e eis que a gente,
que no fundo é sempre a mesma,
desmonta a tenda e vai halitar-se para outro lado,
que no fundo é sempre o mesmo.

Sovacos pompeando vinagres e bafios
não são nada - bah.... - em comparação
com certos hálitos que até parece que sobem do coração.

      Ai onde transpira agora
      o bom sovaco de outrora!

Virilhas colaborando com parêntesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito!) maravilhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos,nas braguilhas,
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.

Mas o mau hálito é pior que a palavra,
sobretudo se não for da tua lavra.

Da malvada,da cárie ou,meudeus,do infinito,
o mau hálito é sempre na narina,
como o baudelaireano,desesperado grito
da "charogne" que apodrecer não queria...

De Alexandre O'Neill

terça-feira, 9 de agosto de 2011

amorzade

Sou feito de….
Choros sem ter razão
pessoas no coração
actos por impulsão

Lisboa,9 de Agosto de 2011, com esta pausa  dei comigo a ler lobo Antunes e

Amorzade

"Não me tinha passado pela cabeça que é exactamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje, logo à noite ou amanhã telefonam e estarão no sítio em que combinámos, sem falta, e a gente a abraçar-se às palmadas nas costas. Porque razão os homens se abraçam sempre às palmadas nas costas?"
 O pintor italiano Valerio Adami dedicou-me assim um desenho. Com amorzade e a justeza da expressão surpreendeu-me: não me tinha passado pela cabeça que é exactamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje, logo à noite ou amanhã telefonam e estarão no sítio em que combinámos, sem falta, e a gente a abraçar-se às palmadas nas costas. Porque razão os homens se abraçam sempre às palmadas nas costas? Sobretudo se estivemos uns tempos sem nos vermos é um festival de pancadaria cúmplice, acompanhado de palavras ternas tais como
 - Meu cabrão
e outras doçuras no género. O Valério comprou a casa de Paris de Salvador Dalí, frente à igreja do Sacré-Coeur, sempre a entrar pelas janelas, um dos apartamentos mais bonitos que conheço, onde ele mora e pinta. Ele, a mulher e um cão minúsculo, que transporta numa espécie de saco a tiracolo. Lembro-me do último jantar, em que comi sob um espantoso Miró, enorme. Como aquele quadro vivia! Cinzeiros antigos, atarrachados às paredes. O cabelo cor de aço do Valério, os cantos da boca que, ao sorrir, quase alcançavam as lentes. E o atelier meticulosamente arrumado, grandes quadros ainda incompletos e já com uma precisão formal do caraças. Amorzade, meu cabrão, que palavra. E a igreja quase sentada ao meu colo, a igreja a abraçar-me a mim. Uma outra obra, um óleo do pintor chileno Roberto Matta, que conheci muito bem, esplêndido igualmente. Roberto Matta passou uns tempos aqui, a namorar a poetisa Gabriela Mistral. Na altura em que nos encontrámos vivia com a última mulher, para quem desenhou o anel de noivado, com um pirilau e uma vagina. Apertava-se aquilo e o pirilau entrava. Foi a senhora quem me mostrou as capacidades da obra, orgulhosa. Passados uns anos meteram o Roberto num caixão. Nem sei que idade tinha: oitenta e muitos ou vinte, é a mesma coisa, e a mão mais diligente do universo no que dizia respeito a traseiros femininos. Nunca falávamos de arte, falávamos sei lá de quê. E ríamos. Meu Deus o que me ri com esses dois. O que continuo a rir-me com esses dois. E a angústia que se palpava por baixo da alegria. Isto, de criar, palavra de honra que é muito difícil, mas é a única forma de as dores secretas abrandarem. E então fingimos que não há nada e continua-se. O que custa um livro, o que deve custar um desenho, um simples traço até. Porém é um tormento que equilibra e igualmente, em certas alturas, um júbilo indizível. Felizmente que ando com um livro, numa altura em que a minha relação comigo me tem feito sofrer, por razões que não interessam aos outros. A minha mãe, era eu pequeno
- Nasceste com tudo e nunca estás satisfeito  e tem razão, senhora: a minha sede é inextinguível. Pergunto-me se alguma vez descobri, dentro de mim, um oásis de paz. Acho que sim e todavia a inquietação (sei lá definir o que é)  Esporeia-me sempre. Não se preocupem (quem não se preocuparia, de resto?) cá vou. Para acabar com Paris numa outra ocasião em que lá estive descobri, quase em ruínas, com a respectiva lápide, a casa do astrónomo e matemático Laplace. Ao publicar o seu famoso tratado acerca do movimento dos planetas Napoleão perguntou-lhe
- E Deus? ao que ele respondeu
- Sire, não tive necessidade de introduzir essa hipótese.
Porque carga de água me apareceu esta conversa na cabeça? Parece que sou uma cave cheia de coisas misturadas: os vencedores da Volta à França desde antes de eu nascer, Descartes, Espinoza, uma sorveteira avariada, Velasquez, Hawthorne, o meu pai a andar de bicicleta, a serra da Estrela ao fim do dia, o senhor Hernâni, careca, que se punha de cócoras para me cumprimentar
- Não me dás um passou bem, rapaz?
e a minha mão triturada na sua. O senhor Hernâni, imagine-se: perdi-o na infância e continua comigo. Careca, baixo, forte, sempre a cheirar a vinho. Aliás, quando me cruzava com ele, era quase inevitavelmente à porta de uma tasca, de gravata torta e um dos colarinhos para cima. Ao mesmo tempo metia-me medo e as suas patilhas encantavam-me. Uma das coisas que mais desejei ter na vida foram patilhas quando crescesse. Não as tenho. Pensando bem acho que não as tenho porque não cresci. Hei-de crescer qualquer dia, não faço tenções de envelhecer menino, e esmagar, por meu turno, a mão do senhor Hernâni, num passou bem de homem.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Felicidade e infelicidade são irmãs gémeas, que crescem juntas." "Homens de natureza vivaz mentem só por um instante: logo em seguida eles mentem para si mesmos e ficam convencidos e se sentem honestos." "Para ver uma estrela cintilante é preciso ter um caos dentro de si." "Não fiques nos baixos./ Não subas às alturas./ O mais belo mirante do mundo/ está no meio da encosta." "Não poríamos a mão no fogo pelas nossas opiniões: não temos assim tanta certeza delas. Mas talvez nos deixemos queimar para podermos ter e mudar as nossas opiniões." "Não há nada que deprima mais o ser humano (mais depressa) do que a paixão do ressentimento." "É verdade que se mente com a boca; mas a careta que se faz ao mesmo tempo diz, apesar de tudo, a verdade." "O sentido do trágico aumenta e diminui com a sensualidade." "A objecção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o que é absoluto pertence à patologia." "Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti." "No convívio com sábios e artistas facilmente nos enganamos no sentido oposto: não é raro encontrarmos por detrás dum sábio notável um homem medíocre, e muitas vezes por detrás de um artista medíocre - um homem muito notável." "Um procura um parteiro para os seus pensamentos, outro alguém a quem possa ajudar: é assim que nasce uma boa conversa." "Quem se sente predestinado para a contemplação e não para a fé acha todos os crentes demasiado barulhentos e impertinentes: evita-os." "Não há fenómenos morais, mas apenas uma interpretação moral de fenómenos..." "Começamos a desconfiar das pessoas muito inteligentes quando ficam embaraçadas." "Em tempo de paz o homem belicoso ataca-se a si próprio." "Fui eu que o fiz', diz a minha memória. 'Não posso ter feito isso', - diz o meu orgulho e mantém-se inflexível. Por fim - é a memória que cede." "Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico." "Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!" "Aquele que vive de combater um inimigo tem interesse em o deixar com vida." "As convicções são inimigos da verdade bem mais perigosos que as mentiras." "Fazer grandes coisas é difícil; mas comandar grandes coisas é ainda mais difícil." "Não há fatos, apenas interpretações." "Uma pessoa continua a trabalhar porque o trabalho é uma forma de diversão. Mas temos de ter cuidado para não deixarmos a diversão tornar-se demasiado penosa." "É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil." "O que o pai calou aparece na boca do filho, e muitas vezes descobri que o filho era o segredo revelado do pai." "Se não se tem um bom pai, é preciso arranjar um." "Quem só tem o espírito da história não compreendeu a lição da vida e tem sempre de retomá-la. É em ti mesmo que se coloca o enigma da existência: ninguém o pode resolver senão tu! " "A grandeza do homem consiste em que ele é uma ponte e não um fim; o que nos pode agradar no homem é ele ser transição e queda." "O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma corda por cima do abismo." "Torna-te aquilo que és" "Apenas devia ser possuidor quem tem espírito: não sendo assim, a fortuna é um perigo público." "Aquele que sabe mandar encontra sempre quem deva obedecer." "Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar." "A vaidade alheia só nos é antipática quando vai de encontro a nossa." "A maneira mais pérfida de prejudicar uma causa é defendê-la intencionalmente com más razões." "Falando francamente, por vezes é necessário irritarmo-nos para que as coisas corram bem." "O que é bom? Tudo que eleve no homem o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência." "Falar muito de si mesmo pode ser também um modo de se esconder" "Temos a arte para não morrer com a verdade." "Eu preciso de parceiros, mas colegas vivos; não mortos e cadáveres que tenha que levar com dificuldade por onde eu for" "Alguém esquece um erro depois de tê-lo confessado a outro, mas normalmente o outro não o esquece." "A palavra mais simples e a carta mais grosseira são melhores, são mais educadas do que o silêncio." "Sem música a vida seria um erro" "A potência intelectual de um homem se mede pela dose de humor que é capaz de utilizar." "O homem parece ter mais carácter quando segue seu temperamento do que quando segue seus princípios." "Na dor há tanta sabedoria como prazer; ambas são as duas grandes forças conservadoras da espécie." "Dez vezes por dia deves rir e regozijar-te; caso contrário te incomodará de noite o estômago, o pai da grande aflição." "Não há razão para procurar o sofrimento, mas se este chega e trata de meter-se em tua vida, não temas; olha-o na cara e com a testa bem levantada." "O que não me mata, fortalece-me" "Somente aquele que constrói o futuro tem direito de julgar o passado" "Quem tem algo por que viver, é capaz de suportar qualquer coisa." "O grande estilo nasce quando o belo obtém a vitória sobre o enorme." "A vantagem de ter má memória é que se goza muitas vezes das mesmas coisas" "A maturidade do homem é ter voltado a encontrar a seriedade com que jogava quando era menino." "Há sempre um pouco de loucura no amor; mas sempre há um pouco de razão na loucura." 

Nietzsche

sexta-feira, 29 de julho de 2011

 Sexta feira, 29 de Jul de 2011

EUA: Maior economia do mundo continua a tremer


A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos adiou quinta feira (madrugada de hoje em Lisboa) pela segunda vez a votação do plano republicano de aumento do tecto da divida de forma a evitar que o país entre em incumprimento a 02 de Agosto...
mas não é de 2020 é mesmo de 2011, e estes merdas não se comparam a PORTUGAL, obama vai mas é dar sangue, visto não teres mais nada para dar,  que é para não te mandar para outro lugar menos próprio !

domingo, 24 de julho de 2011

Taxistas divididos dizem que metro no aeroporto ou "dá cabo da vida" ou ajuda o sector - Portugal - DN

Taxistas divididos dizem que metro no aeroporto ou "dá cabo da vida" ou ajuda o sector - Portugal - DN

E andamos nós aqui com merdas..

Terça-feira, 1 de Julho de 2008


HOLANDA PROÍBE TABACO NOS CHARROS

A partir desta terça-feira, se passar por Amesterdão e quiser ser romano, não se esqueça de tirar o tabaco do “charro”, que continua a ser legalmente permitido fumar.

A peculiaridade da lei holandesa anti-tabaco, que entra em vigor neste dia, proíbe o consumo de cigarros, mesmo nos cerca de 750 “coffee-shops” holandeses, onde se pode continuar a consumir drogas como haxixe e marijuana.

Como a generalidade mistura tabaco e haxixe, a fim de contornar a lei e manter os clientes em estado capaz de fumar e ficar de pé ao mesmo tempo, evitando charros puros, os donos dos “coffee-shops” estão a recorrer a vaporizadores. Um engenho que armazena o vapor da queima a erva, depois inalada pelos clientes.

Como o cliente inala, em vez de fumar, os proprietários evitam as sanções dos inspectores de saúde, que procuram, somente, violações à lei anti-tabaco, conta o “El País”.

A proibição de fumar nos locais de trabalho, em vigor desde 2004, foi agora alargada aos estabelecimentos de hotelaria e restauração, apesar dos pedidos de prorrogação da isenção dos “coffee-shop”. Em resultado disso, os charros deixam de poder ser feitos com tabaco.
Jornal de Notícias, 16h54m

sábado, 23 de julho de 2011

Com morte prematura, Amy entra para o Clube dos 27 Cantora faleceu aos 27 anos, como Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain


A polícia inglesa confirmou hoje a morte da cantora britânica Amy Winehouse, encontrada sem vida, aos 27 anos, num apartamento em Camden Square, Londres.
De acordo com a Associated Press, não foram reveladas as causas da morte da cantora, conhecida pelos problemas com drogas e álcool e que recentemente tinha saído de uma tratamento.
Na sexta-feira, a revista "New Musical Express" deu conta que Amy Winehouse tinha sido vista no festival iTunes, em Londres, a primeira aparição pública desde que cancelou, em junho, toda a digressão europeia.

Amy Winehouse só esteve uma vez em Portugal


Amy Winehouse atuou apenas uma vez em Portugal, em 2008, no Rock in Rio Lisboa, num concerto atribulado, no qual aparentava estar alcoolizada.
Na altura, perante milhares de pessoas, a cantora chegou atrasada e atuou menos de uma hora e algumas das músicas foram interpretadas de forma atabalhoada.
Amy Winehouse tinha agendado uma nova digressão para este verão, que incluia uma passagem pelo festival Sudoeste, em agosto, na Zambujeira do Mar.
A digressão foi cancelada e a família admitiu que Amy Winehouse demoraria longos anos até voltar aos palcos.
A cantora britânica deixa apenas dois álbuns editados - "Frank" (2003) e Back to Black" (2006), que lhe valeu vários prémios Grammy.

morte ANUNCIADA

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Crise terminal do capitalismo.

27.06.11 - Mundo
Leonardo Boff  (Teólogo, filósofo e escritor)
Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.
A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.
A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.
O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.
Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.
A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaçadas por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.
Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.
As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: "não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumos sacerdotes do capital globalizado e explorador.
Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.
 

sábado, 16 de julho de 2011

mais um "manga.la" pro glorioso


Jovem central do Standard de Liège, de apenas 20 anos, é prioridade ( como tantos outros já anunciados ) dos dirigentes encarnados para o reforço da defesa, com ou sem a saída do brasileiro Luisão, ainda não sei porque é que este ainda lá mora , pinote daqui para fora pois há que dar lugar à chavalada , pois o SLB não é nem nunca será um lar para a terceira idade
  Jorge Jesus vê neste Manga.la o novo David Luiz. Pelo menos é esta a mensagem que o treinador do Benfica fez passar aos dirigentes encarnados e às pessoas mais próximas de si.
Um jovem jogador que, apesar de poder sair mais caro que o brasileiro (custou 1,5 milhões em 2006), é visto por Jorge Jesus como um central que rapidamente se poderá impor na Luz e fazer render muitos milhões ao emblema lisboeta.
O Benfica entrou com o pé direito no Torneio do Guadiana, ao derrotar, esta sexta-feira, no Estádio Algarve, os franceses do Paris Saint-Germain, por 3-1, num jogo em que o extremo espanhol Nolito rubricou uma excelente exibição.

Cardozo, na primeira parte, Jara, no segundo tempo, e Saviola, ao minuto 89, foram os autores dos três golos que garantiram o triunfo (3-1) do Benfica, treinado por Jorge Jesus, sobre os gauleses do Paris Saint-Germain, cujo golo foi apontado pelo extremo-esquerdo brasileiro Nene.

Nolito, com dois passes para golo nos segundos 45 minutos, deu cartas com a camisola do clube da Luz, tal como o guarda-redes brasileiro Artur Moraes, igualmente em grande plano.

Este encontro assinalou a estreia do médio belga ex-Standard de Liège Axel Witsel pelos encarnados.

Apesar da vitória e da boa rotina evidenciada pela equipa, principalmente do meio-campo para a frente, o emblema de Lisboa continua a revelar algumas carências no sector defensivo, face às ausências, por se encontrarem ao serviço das respectivas selecções, na Copa América, do defesa-direito uruguaio Maxi Pereira, do defesa-central brasileiro Luisão e ainda do central argentino Garay, contratado no defeso aos espanhóis do Real Madrid.

O Benfica, que no desempate por penáltis (conta para efeitos de desempate) bateu o PSG por 4-3 (marcaram Saviola, Urretavizcaya, Javi García e Nolito, Witsel permitiu a defesa do guarda-redes do PSG), defronta este domingo, também em partida do Torneio do Guadiana, a formação belga do Anderlecht.

segunda-feira, 30 de maio de 2011




                                                    VIVÓ ATLÉTICO

O ATLÉTICO MERECE SER FELIZ


O Atlético assegurou no domingo, depois de bater o Padroense (1-0), a promoção à Liga de Honra, que é como quem diz ao segundo escalão do futebol nacional. Estava certo, desde o meio da temporada, que isso iria suceder, tal a valia do conjunto comandado por António Pereira em comparação com os opositores que ia conhecendo. No entanto, confesso, esta absurda e injusta derradeira fase final deixou-me à beira (não de um) de vários ataques de nervos. Para que o objectivo fosse alcançado foi preciso sofrer imenso. Ironicamente, contudo, o passaporte foi carimbado antes do último jogo (falta a deslocação à Madeira para defrontar o União) e depois de começar esta “poule” a perder (1-4) em Matosinhos, diante do mesmo Padroense.

Pela primeira vez, o Atlético vai poder participar na Liga de Honra. Creio que chega com vários anos de atraso a este escalão. E digo isto não por ser adepto, mas essencialmente por saber que em Alcântara há condições para ter uma equipa competitiva neste patamar. Será possível subir ainda mais? Claro, mas isso não poderá ser uma meta razoável a curto prazo. O clube, agora, precisa de se modernizar - há vários melhoramentos para fazer na velha Tapadinha -, continuar a apostar em jovens de imenso talento devidamente mesclados com futebolistas mais experientes, seguir a linha de evolução nas camadas jovens e manter o rigor financeiro. Só assim poderá ganhar raízes na Honra e, lá mais para a frente, equacionar a possibilidade de, então sim, tentar algo mais.

Regressemos ao jogo de domingo: como foi bonita a festa alcantarense! Foram precisos 21 anos (e até a queda no inferno da Terceira Divisão) para chegar aqui. Uma autêntica eternidade que, claro, acabou por impedir que muitos dos que sonharam com isto pudessem testemunhar, “in loco”, o feito. Mas, ao contrário do que pensa muita gente mal informada, o Atlético não é um clube de velhos. É verdade que ainda conta com o apoio incondicional de muitos que são do tempo das épocas gloriosas na divisão principal mas, quem passou pela Tapadinha nos dois últimos fins-de-semana, viu muita gente nova, sinal inequívoco da vitalidade do emblema.

Nunca escondi que sou adepto do Atlético. E se não nasci, vivi ou estudei na zona da Alcântara, a minha paixão deve-se ao facto de ter aprendido a gostar daquela gente quando, quase por acaso, acabei por ingressar na equipa de juvenis de basquetebol do clube. Já lá vão uns anos. Mais de duas décadas. Mas lembro-me como se tivesse sido um destes dias. Recordo colegas, treinadores, dirigentes, funcionários e adeptos, alguns dos quais ainda (felizmente) vejo com regularidade. Humildes, mas honrados e batalhadores. É assim, desta forma sucinta, que defino as pessoas do Atlético. Enquanto lá joguei e fui treinador, vivi mais vitórias que derrotas, mas na hora do desaire ninguém virava a cara à luta. Naquele clube, não são as derrotas que magoam, mas sim a possibilidade de alguém envergar a camisola sem o brio exigido. Como concordo com essa linha! No desporto ou na vida existem valores que deviam ser sagrados para todos.

PS – Não é por agora ver o Atlético a caminho da Liga de Honra que vou deixar de levantar a voz contra uma das maiores parvoíces que conheço no futebol. Quando é que irá acabar este sistema obsoleto que impede que os três vencedores das séries da Segunda Divisão ganhem o direito a subir automaticamente à Orangina? Dividam, se assim o entenderem, as equipas da Segunda em apenas duas séries com 18 ou 20 equipas, mas coloquem um ponto final nesta aberração e concedam o justo prémio (a promoção) a quem ganha a sua série.

PS 1 – Tinha prometido, minutos antes do arranque do Atlético-Padroense, que me tornaria sócio se o clube garantisse a subida. A promessa vai ser cumprida muito em breve! E comigo "arrastarei" alguns que, depois de visitar a Tapadinha, rapidamente se converteram à causa.
por luis magalhães

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Women In Art

Futebol
Eusébio: "Foi um dia inesquecível"

O dia 23 de Maio de 1961 jamais irá ser esquecido por Eusébio da Silva Ferreira. Com apenas 19 anos, o "Pantera Negra" fez a sua estreia com a camisola do Sport Lisboa e Benfica num particular frente ao Atlético, no Estádio da Luz. Em declarações à Benfica TV, o antigo avançado relembrou a sua estreia e falou do actual momento dos "encarnados".

quinta-feira, 5 de maio de 2011

dia 5 de Maio, aos 61 anos em resultado de um acidente vascular cerebral faleceu no Barreiro o meu amigo  Mariano Almeida, filho de operários, nasceu em Lisboa, na freguesia de Alcântara, num pátio popular, onde passou a sua juventude e tomou contacto com a vida e a luta do povo da sua condição.
Cedo começou a trabalhar na Sociedade Comercial Romar, tendo feito parte da Comissão de Trabalhadores da empresa entre 1977 e 1983.
Também foi delegado sindical. Trabalhou, depois, como empregado de comércio da Baixa de Lisboa.
No plano do associativismo popular de base, foi dirigente do Clube Desportivo da Cova da Moura e integrou o Secretariado das Colectividades de Campo de Ourique.

Ao longo da sua vida, o meu amigo e camarada Mariano Almeida demonstrou o seu compromisso militante ao serviço da classe operária, dos trabalhadores e do Partido que abraçou desde jovem, pela liberdade, a democracia e o socialismo,  até sempre MARIANO 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

não se esqueçam ....



Fábula política difundida por Tommy Douglas, prominente activista y político, elegido en 2004 como "El canadiense más grande de todos los tiempos". Reconocido como padre del paso del sistema de salud canadiense al modelo de Asistencia sanitaria universal

segunda-feira, 11 de abril de 2011



Fernando Nobre:        quanto custa um vaidoso ?

Fernando Nobre vai ser cabeça de lista do PSD no circulo de Lisboa. Contra um homem de convicções - mesmo que não sejam as minhas - como Ferro Rodrigues, o PSD aposta num ziguezagueante populistaO ex-candidato estava no mercado e Passos Coelho pagou o preço que lhe foi pedido: dar-lhe a presidência da Assembleia da República. As contas foram de merceeiro: Nobre vale 600 mil votos. Errado. Se os votos presidenciais nunca são transferíveis para legislativas, isso é ainda mais evidente neste caso. Todas as vantagens competitivas de Nobre desapareceram quando ele aceitou este lugar.
O PSD vai perder mais do que ganha. Porque este convite soa a puro oportunismo
Porque quando Fernando Nobre começar a falar o PSD vai ter de se virar do avesso para limitar os danos. Porque a esmagadora maioria dos eleitores de Nobre nem com um revólver apontado à cabeça votará em Passos Coelho. Porque ele afastará eleitorado que desconfia de gente com tanta ginástica política.
Quem também não fica bem na fotografia é Mário Soares, que, na última campanha, por ressentimento pessoal, alimentou esta candidatura. Fica claro a quem ela serviu. Agora veio o agradecimento.
Quanto a Fernando Nobre, é tudo muito banal e triste. Depois da campanha que fez, este é o desfecho lógico. Candidatos antipartidos, que tratam todos os eleitos como suspeitos de crimes contra a Pátria - ainda não me esqueci quando responsabilizou Francisco Lopes pelo atual estado de coisas, apenas porque é deputado - e que julgam que, por não terem nunca assumido responsabilidades políticas, têm uma qualquer superioridade moral sobre os restantes acabam sempre nisto. A chave que usam para abrir a porta da sala de estar do sistema é o discurso contra o sistema. Não querem "tachos", dizem eles, certos de que todos os eleitos apenas procuram proveitos próprios. Eles são diferentes. Depois entram no sistema para mudar o sistema, explicam. E depois ficam lá, até vir o próximo com o mesmo discurso apontar-lhes o dedo. É tudo tão antigo que só espanta como tanta gente vai caindo na mesma esparrela.
Quem tem um discurso sem programa, sem ideologia, sem posicionamento político claro e resume a sua intervenção ao elogio da sua inexperiência política tem sempre um problema: só é diferente até perder a virgindade. E quando a perde fica um enorme vazio. Porque não havia lá mais nada.
 Porque a política não se faz de bons sentimentos, faz-se de ideias, projetos e programas políticos. Ideias, projetos e programas que resultam do pensamento acumulado pela experiência de gerações, que se vai apurando no confronto e na tentativa e erro. A tudo isto chamamos ideologias. Quem despreza a ideologia despreza o pensamento. Quem despreza o pensamento despreza a política. Quem despreza a política dificilmente pode agir nela com coerência e dignidade.Para além do discurso contra os políticos, este político teve outra bandeira: as suas preocupações sociais. Nada com conteúdo. Para ele bastava mostrar o seu currículo de ativista humanitário. E a quem aceita ele entregar a sua virginal e bondosa alma? Ao candidato a primeiro-ministro mais liberal que este País já conheceu. Não sou dos que acham que toda a gente tem um preço. Mas ficámos a saber qual é o de Fernando Nobre: um lugar com a dimensão da sua própria vaidade.
Tudo isto tem uma vantagem: é uma excelente lição de política para muita gente.
 Quem diz que não é de esquerda nem de direita, quem tem apenas a sua suposta superioridade moral como programa e quem entra no combate político desprezando quem há muito o faz nunca é de confiança. Um dia terão que se decidir. E Nobre decidiu-se: escolheu a direita liberal em troca das honras de um lugar no Estado.
Na hora da compra, os vaidosos têm uma vantagem: saem mais baratos. Não precisam de bons salários ou de negócios.
 Basta dar-lhes um trono e a sensação de que são importantes. Vendem a alma por isso.
Daniel Oliveira (www.expresso.pt <http://www.expresso.pt/> )11 de abril de 2011

todos, bons rapazes