terça-feira, 21 de julho de 2009

...que mais nos irá acontecer ?

Mais vasta e perniciosa do que a pandemia de gripe A, talvez só a pandemia de informações acerca da gripe A. Julgo que Esopo escreveu a fábula Pedro e o Lobo apenas porque, na Antiguidade, não havia jornais. Se houvesse, estou certo de que teria optado por escrever a fábula O jornalista e a pandemia.

Que me lembre, esta é a terceira pandemia que o mundo enfrenta com sucesso no espaço de 10 anos. Primeiro, a doença das vacas loucas ia dizimar dois terços da humanidade, e a imprensa publicou artigos que ensinavam a distinguir um bife infectado de um bife escorreito, entrevistas a cientistas, criadores de gado e homens do talho, e reportagens sobre ministros que comiam miolos. Depois, a gripe das aves ia matar mais do que a peste negra. Vários pombos faleceram e algumas gaivotas ficaram estropiadas para sempre, mas a pandemia acabou por nunca se verificar. Neste momento, vivemos a pandemia da gripe suína. Já foi dito que a gripe A é menos perigosa e letal do que a gripe vulgar, mas até agora isso não impediu nenhum jornalista de ir para a porta do hospital contar toda a gente que entra nas urgências a espirrar. Se, de facto, estamos perante uma versão mais fraca mas igualmente contagiosa da gripe normal, os jornalistas terão muito trabalho para acompanhar todos os casos, como parece ter sido a intenção até aqui. Todos os estágios da gripe A terão de ser relatados, e portanto não bastará comunicar ao país que se registaram 20 novos casos. Será necessário informar que os 73 casos registados no distrito de Setúbal já estão a canja de galinha, ao passo que os 92 casos do distrito de Beja ainda se assoam com uma regularidade apreciável (12 vezes por hora).

É certo que será urgente descobrir um tratamento eficaz para todas estas doenças, mas não é menos urgente encontrar melhores nomes para elas. Vacas loucas, gripe das aves e gripe dos porcos, por muito que sejam depois rebaptizadas mais dignamente com as aborrecidas (e, logo, mais honradas) designações BSE, H5N1 e H1N1, têm problemas de credibilidade inultrapassáveis. É difícil temer doenças que atacam a bicharada com resfriados e loucura. Qualquer dia aparece o pé de atleta dos texugos, ou o herpes labial da mosca, esses sim verdadeiramente mortíferos e pandémicos - e ninguém acredita.

Acaba por ser inquietante registar que os animais andam, pelos vistos, a conspirar para gerar pandemias. Nos filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para vender jornais.

disse, o ricardo araújo pereira

sexta-feira, 3 de julho de 2009

(a)maricanices & cia

O Portal


A denúncia vem no Público: um organismo, criado pelo Governo de José Sócrates para controlar as «derrapagens» e as irregularidades nos concursos públicos, foi ele próprio constratualizado sem concurso público e já «derrapou» para o dobro dos custos contratualizados sem, sequer, estar terminado.
A história começa com o Instituto da Construção e Imobiliário (InCI), organismo público responsável pela execução do Código dos Contratos Públicos e pela criação de um Portal «onde devem ser publicitados todos os ajustes directos e derrapagens, em nome da transparência e do rigor no uso dos dinheiros públicos».
Bem prega Frei Tomás: a criação do Portal foi adjudicada à Microsoft a 27 de Junho de 2008 por «ajuste directo, considerando, à data, a urgência de implementação do portal», como explicou o InCI, recorrendo ao estafado expediente da «urgência» para justificar um ajuste directo de 268 mil euros, verba que ultrapassa, largamente, os montantes máximos permitidos para esses ajustes.
Entretanto, sabe-se que a criação de um «Observatório das Obras Públicas» já foi recomendado pelo Tribunal de Contas (TC) há mais de seis anos, na sequência da análise a cinco obras públicas realizadas por gestão directa do Estado e que haviam «derrapado», todas, para mais do dobro. Foi Valente de Oliveira, ministro PSD de Durão Barroso, o primeiro a prometer esse organismo controlador das derrapagens, seguindo-se-lhe Mário Lino, actual ministro PS, que logo em Dezembro de 2005 aprovaria um «Protocolo» com esse objectivo, que até contou com dinheiros europeus. Até hoje...
Portanto, quanto a «urgências» nesta matéria, estamos conversados.
Mas a tranquibérnia não se fica por aqui. O Público apuraria que a Microsoft começou a trabalhar no Portal antes da adjudicação - o que evidencia um negócio pré-decidido -, o que também não surpreende, quando se sabe que a mesma Microsoft é uma antiga parceira nos «negócios directos» do Governo Sócrates: foi esta multinacional de Bill Gates que, como consultora do Ministério das Obras Públicas (de novo Mário Lino, esse ministro fatal...), começou por colaborar na elaboração deste «Código dos Contratos Públicos», o que colocava a sua contratação para a execução do «Portal» ao arrepio das recomendações legais – que excluem os consultores. Mas isso, obviamente, não impediria o InCI de formalizar um «ajuste directo» - a urgência era muita. Resta saber para quem.
Entretanto, a Microsoft já compensou tanta disponibilidade do Governo de Sócrates, apresentando ao InCI facturas que duplicam o valor do contrato assinado, apesar de o Portal nem sequer estar ainda concluído. Isto porque «discorda» da interpretação do contrato feita pelo Instituto, que considera ter assinado com a Microsoft um típico contrato de concepção/construção (ambas realizadas pela verba contratada), enquanto esta responde que é apenas de «concepção».
Em Janeiro de 2006 o Presidente Sampaio condecorou Bill Gates com a Ordem do Infante e o primeiro-ministro Sócrates recebeu-o como chefe de Estado. Três anos depois a Microsoft agradece com um Portal, onde mostra que já não se limita a «não brincar em serviço»: agora até brinca com o serviço. E cobra a dobrar.
Quanto ao Executivo de José Sócrates, exibe neste episódio do Portal o seu próprio paradigma: um Governo que, para parecer escrupuloso, nunca teve o menor escrúpulo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

a mensagem.... destes ultimos dias vem de seguida com a interpretação de, talvez, os maiores interpretes da musica popular portuguesa das ultimas décadas, por assim dizer, compartilho na totalidade as palavras dos seus criadores fazendo minhas as suas eternas palavras

a carapuça é pra quem servir....

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