A força do hálito é como o que tem que ser.
E o que tem que ser tem muita força.
Vai(ou vem) um sujeito,abre a boca e eis que a gente,
que no fundo é sempre a mesma,
desmonta a tenda e vai halitar-se para outro lado,
que no fundo é sempre o mesmo.
Sovacos pompeando vinagres e bafios
não são nada - bah.... - em comparação
com certos hálitos que até parece que sobem do coração.
Ai onde transpira agora
o bom sovaco de outrora!
Virilhas colaborando com parêntesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito!) maravilhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos,nas braguilhas,
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.
Mas o mau hálito é pior que a palavra,
sobretudo se não for da tua lavra.
Da malvada,da cárie ou,meudeus,do infinito,
o mau hálito é sempre na narina,
como o baudelaireano,desesperado grito
da "charogne" que apodrecer não queria...
De Alexandre O'Neill
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
terça-feira, 9 de agosto de 2011
amorzade
Sou feito de….
Choros sem ter razão
pessoas no coração
actos por impulsão
e outras doçuras no género. O Valério comprou a casa de Paris de Salvador Dalí, frente à igreja do Sacré-Coeur, sempre a entrar pelas janelas, um dos apartamentos mais bonitos que conheço, onde ele mora e pinta. Ele, a mulher e um cão minúsculo, que transporta numa espécie de saco a tiracolo. Lembro-me do último jantar, em que comi sob um espantoso Miró, enorme. Como aquele quadro vivia! Cinzeiros antigos, atarrachados às paredes. O cabelo cor de aço do Valério, os cantos da boca que, ao sorrir, quase alcançavam as lentes. E o atelier meticulosamente arrumado, grandes quadros ainda incompletos e já com uma precisão formal do caraças. Amorzade, meu cabrão, que palavra. E a igreja quase sentada ao meu colo, a igreja a abraçar-me a mim. Uma outra obra, um óleo do pintor chileno Roberto Matta, que conheci muito bem, esplêndido igualmente. Roberto Matta passou uns tempos aqui, a namorar a poetisa Gabriela Mistral. Na altura em que nos encontrámos vivia com a última mulher, para quem desenhou o anel de noivado, com um pirilau e uma vagina. Apertava-se aquilo e o pirilau entrava. Foi a senhora quem me mostrou as capacidades da obra, orgulhosa. Passados uns anos meteram o Roberto num caixão. Nem sei que idade tinha: oitenta e muitos ou vinte, é a mesma coisa, e a mão mais diligente do universo no que dizia respeito a traseiros femininos. Nunca falávamos de arte, falávamos sei lá de quê. E ríamos. Meu Deus o que me ri com esses dois. O que continuo a rir-me com esses dois. E a angústia que se palpava por baixo da alegria. Isto, de criar, palavra de honra que é muito difícil, mas é a única forma de as dores secretas abrandarem. E então fingimos que não há nada e continua-se. O que custa um livro, o que deve custar um desenho, um simples traço até. Porém é um tormento que equilibra e igualmente, em certas alturas, um júbilo indizível. Felizmente que ando com um livro, numa altura em que a minha relação comigo me tem feito sofrer, por razões que não interessam aos outros. A minha mãe, era eu pequeno
- Nasceste com tudo e nunca estás satisfeito e tem razão, senhora: a minha sede é inextinguível. Pergunto-me se alguma vez descobri, dentro de mim, um oásis de paz. Acho que sim e todavia a inquietação (sei lá definir o que é) Esporeia-me sempre. Não se preocupem (quem não se preocuparia, de resto?) cá vou. Para acabar com Paris numa outra ocasião em que lá estive descobri, quase em ruínas, com a respectiva lápide, a casa do astrónomo e matemático Laplace. Ao publicar o seu famoso tratado acerca do movimento dos planetas Napoleão perguntou-lhe
- E Deus? ao que ele respondeu
- Sire, não tive necessidade de introduzir essa hipótese.
Porque carga de água me apareceu esta conversa na cabeça? Parece que sou uma cave cheia de coisas misturadas: os vencedores da Volta à França desde antes de eu nascer, Descartes, Espinoza, uma sorveteira avariada, Velasquez, Hawthorne, o meu pai a andar de bicicleta, a serra da Estrela ao fim do dia, o senhor Hernâni, careca, que se punha de cócoras para me cumprimentar
- Não me dás um passou bem, rapaz?
e a minha mão triturada na sua. O senhor Hernâni, imagine-se: perdi-o na infância e continua comigo. Careca, baixo, forte, sempre a cheirar a vinho. Aliás, quando me cruzava com ele, era quase inevitavelmente à porta de uma tasca, de gravata torta e um dos colarinhos para cima. Ao mesmo tempo metia-me medo e as suas patilhas encantavam-me. Uma das coisas que mais desejei ter na vida foram patilhas quando crescesse. Não as tenho. Pensando bem acho que não as tenho porque não cresci. Hei-de crescer qualquer dia, não faço tenções de envelhecer menino, e esmagar, por meu turno, a mão do senhor Hernâni, num passou bem de homem.
Choros sem ter razão
pessoas no coração
actos por impulsão
Lisboa,9 de Agosto de 2011, com esta pausa dei comigo a ler lobo Antunes e
Amorzade
"Não me tinha passado pela cabeça que é exactamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje, logo à noite ou amanhã telefonam e estarão no sítio em que combinámos, sem falta, e a gente a abraçar-se às palmadas nas costas. Porque razão os homens se abraçam sempre às palmadas nas costas?"
O pintor italiano Valerio Adami dedicou-me assim um desenho. Com amorzade e a justeza da expressão surpreendeu-me: não me tinha passado pela cabeça que é exactamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje, logo à noite ou amanhã telefonam e estarão no sítio em que combinámos, sem falta, e a gente a abraçar-se às palmadas nas costas. Porque razão os homens se abraçam sempre às palmadas nas costas? Sobretudo se estivemos uns tempos sem nos vermos é um festival de pancadaria cúmplice, acompanhado de palavras ternas tais como
- Meu cabrão e outras doçuras no género. O Valério comprou a casa de Paris de Salvador Dalí, frente à igreja do Sacré-Coeur, sempre a entrar pelas janelas, um dos apartamentos mais bonitos que conheço, onde ele mora e pinta. Ele, a mulher e um cão minúsculo, que transporta numa espécie de saco a tiracolo. Lembro-me do último jantar, em que comi sob um espantoso Miró, enorme. Como aquele quadro vivia! Cinzeiros antigos, atarrachados às paredes. O cabelo cor de aço do Valério, os cantos da boca que, ao sorrir, quase alcançavam as lentes. E o atelier meticulosamente arrumado, grandes quadros ainda incompletos e já com uma precisão formal do caraças. Amorzade, meu cabrão, que palavra. E a igreja quase sentada ao meu colo, a igreja a abraçar-me a mim. Uma outra obra, um óleo do pintor chileno Roberto Matta, que conheci muito bem, esplêndido igualmente. Roberto Matta passou uns tempos aqui, a namorar a poetisa Gabriela Mistral. Na altura em que nos encontrámos vivia com a última mulher, para quem desenhou o anel de noivado, com um pirilau e uma vagina. Apertava-se aquilo e o pirilau entrava. Foi a senhora quem me mostrou as capacidades da obra, orgulhosa. Passados uns anos meteram o Roberto num caixão. Nem sei que idade tinha: oitenta e muitos ou vinte, é a mesma coisa, e a mão mais diligente do universo no que dizia respeito a traseiros femininos. Nunca falávamos de arte, falávamos sei lá de quê. E ríamos. Meu Deus o que me ri com esses dois. O que continuo a rir-me com esses dois. E a angústia que se palpava por baixo da alegria. Isto, de criar, palavra de honra que é muito difícil, mas é a única forma de as dores secretas abrandarem. E então fingimos que não há nada e continua-se. O que custa um livro, o que deve custar um desenho, um simples traço até. Porém é um tormento que equilibra e igualmente, em certas alturas, um júbilo indizível. Felizmente que ando com um livro, numa altura em que a minha relação comigo me tem feito sofrer, por razões que não interessam aos outros. A minha mãe, era eu pequeno
- Nasceste com tudo e nunca estás satisfeito e tem razão, senhora: a minha sede é inextinguível. Pergunto-me se alguma vez descobri, dentro de mim, um oásis de paz. Acho que sim e todavia a inquietação (sei lá definir o que é) Esporeia-me sempre. Não se preocupem (quem não se preocuparia, de resto?) cá vou. Para acabar com Paris numa outra ocasião em que lá estive descobri, quase em ruínas, com a respectiva lápide, a casa do astrónomo e matemático Laplace. Ao publicar o seu famoso tratado acerca do movimento dos planetas Napoleão perguntou-lhe
- E Deus? ao que ele respondeu
- Sire, não tive necessidade de introduzir essa hipótese.
Porque carga de água me apareceu esta conversa na cabeça? Parece que sou uma cave cheia de coisas misturadas: os vencedores da Volta à França desde antes de eu nascer, Descartes, Espinoza, uma sorveteira avariada, Velasquez, Hawthorne, o meu pai a andar de bicicleta, a serra da Estrela ao fim do dia, o senhor Hernâni, careca, que se punha de cócoras para me cumprimentar
- Não me dás um passou bem, rapaz?
e a minha mão triturada na sua. O senhor Hernâni, imagine-se: perdi-o na infância e continua comigo. Careca, baixo, forte, sempre a cheirar a vinho. Aliás, quando me cruzava com ele, era quase inevitavelmente à porta de uma tasca, de gravata torta e um dos colarinhos para cima. Ao mesmo tempo metia-me medo e as suas patilhas encantavam-me. Uma das coisas que mais desejei ter na vida foram patilhas quando crescesse. Não as tenho. Pensando bem acho que não as tenho porque não cresci. Hei-de crescer qualquer dia, não faço tenções de envelhecer menino, e esmagar, por meu turno, a mão do senhor Hernâni, num passou bem de homem.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nietzsche
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Sexta feira, 29 de Jul de 2011
EUA: Maior economia do mundo continua a tremer
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos adiou quinta feira (madrugada de hoje em Lisboa) pela segunda vez a votação do plano republicano de aumento do tecto da divida de forma a evitar que o país entre em incumprimento a 02 de Agosto...
mas não é de 2020 é mesmo de 2011, e estes merdas não se comparam a PORTUGAL, obama vai mas é dar sangue, visto não teres mais nada para dar, que é para não te mandar para outro lugar menos próprio !
EUA: Maior economia do mundo continua a tremer
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos adiou quinta feira (madrugada de hoje em Lisboa) pela segunda vez a votação do plano republicano de aumento do tecto da divida de forma a evitar que o país entre em incumprimento a 02 de Agosto...
mas não é de 2020 é mesmo de 2011, e estes merdas não se comparam a PORTUGAL, obama vai mas é dar sangue, visto não teres mais nada para dar, que é para não te mandar para outro lugar menos próprio !
domingo, 24 de julho de 2011
E andamos nós aqui com merdas..
Terça-feira, 1 de Julho de 2008
HOLANDA PROÍBE TABACO NOS “CHARROS”
A partir desta terça-feira, se passar por Amesterdão e quiser ser romano, não se esqueça de tirar o tabaco do “charro”, que continua a ser legalmente permitido fumar.
A peculiaridade da lei holandesa anti-tabaco, que entra em vigor neste dia, proíbe o consumo de cigarros, mesmo nos cerca de 750 “coffee-shops” holandeses, onde se pode continuar a consumir drogas como haxixe e marijuana.
Como a generalidade mistura tabaco e haxixe, a fim de contornar a lei e manter os clientes em estado capaz de fumar e ficar de pé ao mesmo tempo, evitando charros puros, os donos dos “coffee-shops” estão a recorrer a vaporizadores. Um engenho que armazena o vapor da queima a erva, depois inalada pelos clientes.
Como o cliente inala, em vez de fumar, os proprietários evitam as sanções dos inspectores de saúde, que procuram, somente, violações à lei anti-tabaco, conta o “El País”.
A proibição de fumar nos locais de trabalho, em vigor desde 2004, foi agora alargada aos estabelecimentos de hotelaria e restauração, apesar dos pedidos de prorrogação da isenção dos “coffee-shop”. Em resultado disso, os charros deixam de poder ser feitos com tabaco.
Jornal de Notícias, 16h54m
HOLANDA PROÍBE TABACO NOS “CHARROS”
A partir desta terça-feira, se passar por Amesterdão e quiser ser romano, não se esqueça de tirar o tabaco do “charro”, que continua a ser legalmente permitido fumar.
A peculiaridade da lei holandesa anti-tabaco, que entra em vigor neste dia, proíbe o consumo de cigarros, mesmo nos cerca de 750 “coffee-shops” holandeses, onde se pode continuar a consumir drogas como haxixe e marijuana.
Como a generalidade mistura tabaco e haxixe, a fim de contornar a lei e manter os clientes em estado capaz de fumar e ficar de pé ao mesmo tempo, evitando charros puros, os donos dos “coffee-shops” estão a recorrer a vaporizadores. Um engenho que armazena o vapor da queima a erva, depois inalada pelos clientes.
Como o cliente inala, em vez de fumar, os proprietários evitam as sanções dos inspectores de saúde, que procuram, somente, violações à lei anti-tabaco, conta o “El País”.
A proibição de fumar nos locais de trabalho, em vigor desde 2004, foi agora alargada aos estabelecimentos de hotelaria e restauração, apesar dos pedidos de prorrogação da isenção dos “coffee-shop”. Em resultado disso, os charros deixam de poder ser feitos com tabaco.
Jornal de Notícias, 16h54m
sábado, 23 de julho de 2011
Com morte prematura, Amy entra para o Clube dos 27 Cantora faleceu aos 27 anos, como Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain
A polícia inglesa confirmou hoje a morte da cantora britânica Amy Winehouse, encontrada sem vida, aos 27 anos, num apartamento em Camden Square, Londres.
De acordo com a Associated Press, não foram reveladas as causas da morte da cantora, conhecida pelos problemas com drogas e álcool e que recentemente tinha saído de uma tratamento.
Na sexta-feira, a revista "New Musical Express" deu conta que Amy Winehouse tinha sido vista no festival iTunes, em Londres, a primeira aparição pública desde que cancelou, em junho, toda a digressão europeia.
Amy Winehouse só esteve uma vez em Portugal
Amy Winehouse atuou apenas uma vez em Portugal, em 2008, no Rock in Rio Lisboa, num concerto atribulado, no qual aparentava estar alcoolizada.
Na altura, perante milhares de pessoas, a cantora chegou atrasada e atuou menos de uma hora e algumas das músicas foram interpretadas de forma atabalhoada.
Amy Winehouse tinha agendado uma nova digressão para este verão, que incluia uma passagem pelo festival Sudoeste, em agosto, na Zambujeira do Mar.
A digressão foi cancelada e a família admitiu que Amy Winehouse demoraria longos anos até voltar aos palcos.

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