sexta-feira, 5 de novembro de 2010

por pillar del rio companheira de Zé

Há alguns anos um cineasta espanhol quis retratar o sofrimento e a capacidade combativa de um grupo de trabalhadores que não aceitavam que as diversas engenharias financeiras já então em uso fechassem uma empresa rentável e com futuro. Os trabalhadores de Sintel, que assim se chamava a firma, desde os engenheiros de alto nível ao mais humilde operário, decidiram instalar-se no centro de Madrid num improvisado acampamento e ali viveram durante vários meses, assim reivindicando o seu direito ao trabalho, a manter uma empresa que com o seu esforço haviam consolidado, as suas vidas e as dos seu familiares, em resumo, em defesa da lógica humana frente à dos interesses materiais dos poderosos. Este acampamento recebeu o nome de Cidade da\Esperança e o filme que conta esta epopeia recebeu o título de “Levantados do Chão”. Também Chico Buarque de Holanda, quando quis prestar homenagem aos camponeses sem terra que ocupavam herdades no Brasil para demonstrar que o esbanjamento condena à humilhação e que o cultivo dos campos não é um luxo nem um capricho, compôs um tema a que deu o título de “Levantados do chão”, um coral que poderia ser entoado nos cinco continentes e em todos os idiomas, bastando que houvesse voz para denunciar o abuso e vontade de erguer-se, de levantar-se, apesar da ideia, habilmente difundida, de que a insubmissão não vale a pena, já que vivemos no melhor dos mundos possíveis.

Diz Saramago que o que há mais na terra é paisagem. Sim: paisagem e gente, os inúmeros Mau-Tempo com esse ou outro apelido, essa dinastia infinita de homens e mulheres cujo único património são os braços e a vontade, o imenso rio de pessoas que percorre o planeta bifurcando-se sem limites, como se fossem as suas veias, o bom sangue imprescindível para que a vida seja possível. Os Mau-Tempo vivem em Portugal e na Bolívia, na Nigéria, na Roménia, em Espanha, nos Estados Unidos, em Moçambique, na Malásia… Vivem silenciosos, emigrantes de si mesmos, escravos de trabalhos terríveis, são o sub-solo do sistema que se mantém porque eles estão presentes, embora invisíveis para quem usa estatísticas em vez de sensibilidade. Às vezes pedem socorro desde os seus países remotos ou desde a profundidade da sua condenação, outras vezes põem-se de pé e levantam as mãos ossudas e os punhos cerrados, mas sempre a máquina do poder os ignora, não importa que sejam a maioria, pertencem à casta dos Mau-Tempo, nasceram para sofrer e morrer en silêncio, enterrando-se uns aos outros, como se de uma confraria universal se tratasse. Os Mau-Tempo são as personagens centrais do romance de Saramago, são, junto com a paisagem, o que mais há na terra.

Que faremos, então? Que faremos com este livro, com este mundo, com esta gente? A virtude da literatura está em não ficar parada perante as portas do mistério, penetra-o, ilumina-o, de maneira que a consciência de quem lê, porque viu, já não poderá fingir que ignora. A pergunta impõe-se com mais veemência, rejeitando a indiferença como resposta, porque só os néscios e os maus de carácter podem virar as costas à questão que, humana e doloridamente, propõe este livro de José Saramago intitulado, e não por acaso, Levantado do chão, epopeia gigantesca de heróis não reconhecidos apesar de parecerem ter mais força que o sol que nos ilumina e serem, além do mais, a matéria de que todos somos feitos. Repitamos, pois, as perguntas desde há tanto tempo gritadas: Que faremos com esta gente? Que faremos com este mundo? Perguntemos e logo prossigamos a leitura deste livro que indaga e questiona com irreprimível força, ouvindo a história daqueles que sempre foram os sujeitos da história, embora não os protagonistas nos manuais que a contam ou nos ridículos Götha em que alguns pretendem distinguir-se. Deixemo-nos ficar na literatura, junto aos Mau-Tempo, nossos contemporâneos, e com eles vivamos ao menos o tempo que durar a leitura deste livro que é mais do que arte, e já veremos o que sucede depois, se somos iguais ao que éramos antes ou se nos damos por esclarecidos.

Existiu Monte Lavre e existiu a chuva. E Domingos Mau-Tempo e Sara da Conceição. E os seus filhos e os filhos dos seus filhos. Tinham os olhos azuis, mas outros Mau-Tempo os terão negros e continuarão a levar o mesmo apelido. Há dinastias imprevisíveis que percorrem a terra povoando-a e lavrando-a como se ela fosse gente. Esta dinastia também se pode numerar com cardinais, mais ainda, os cardinais são seus, ninguém tem mais direitos que eles, porque a aristocracia do trabalho é a única desejável, a única que revalida a sua legitimidade geração após geração sem produzir zângãos como as anacrónicas heranças de sangue dos Norbertos, Albertos, Lambertos e Dagobertos, tantas vezes abençoados pelo padre Agamedes e por toda a fauna que do alheio faz sua aspiração e sua casa, como se o mundo não começasse de cada vez que nasce um humano para remediá-lo. Falemos, pois, dos que nada têm, falemos dos nossos, dos Mau-Tempo que vêm em frágeis barquinhos desde África até à opulenta Europa, falemos dos Mau-Tempo que esperam no corredor de um hospital ou na intranquilidade da sua casa uma operação cirúrgica que nunca chega, falemos das migrações sucessivas do campo à cidade e outra vez ao campo, sempre perseguindo um sonho, falemos de nós próprios, que vemos a desesperança e não podemos evitá-la, e isso nos impede de ser felizes. Falemos, sim, do poder que nasceu para impor-se, e falemos das leis que deveriam evitar os excessos de homens que se consideram superiores, leis que tantas vezes serviram para consolidá-los e outorgar-lhes legalidade. Falemos de nós próprios, que somos capazes de ler este livro e sem embargo não podemos impedir a tortura de Germano Vidigal nem as que agora se infligem em Guantânamo contra homens de tez escura e sem nome, oculto como eles por decisões tão ilegais como criminosas, nem a dos Mau-Tempo que hoje perderão o seu trabalho na ignomínia de uma crise económica provocada e talvez não encontrem ninguém que as escreva e descreva para que a sua dor não seja absoluta, mas partilhada.

E assim, caminhando e vendo como o mundo não cresce nem em piedade nem em sabedoria apesar do tempo e dos inventos, um dia distraído chega em que te pedem algo assim como um prólogo para um grande livro que vai ser reeditado. Agradeces, dizes que o farás, mas quando te informam de que se trata de Levantado do chão experimentas os suores do homem que descobriu o fogo ou calculou a profundidade dos primeiros passos na Lua, e, já sem outro remédio que pôr-te à escrita, olharás em frente como é de lei, mas procurarás um apoio para percorrer o livro, talvez a mão de uma mulher Mau-Tempo, uma que experimentou o gozo de integrar uma manifestação sublime, embora logo, para sua desgraça, tenha descoberto que todas as festas têm um fim e às vezes, como em épocas pretéritas, a exaltação não dura mais que umas horas, o tempo necessário para que as hostes de reagrupem e o imperador mande queimar Roma. Uma mulher guia que aprendeu por experiência que os dias levantados e principais podem sê-lo todos, desde que sejam fruto do esforço e da consciência crítica, não de um tempo que não saiba assinalar factos e datas para distinguir-nos no magma confuso que nos habita e que habitamos, por esta ordem.
Ou seja, uma mulher leva-nos por dentro do livro de Saramago, esse que escreveu para contar de outra maneira a vida de gentes que se confrontam com a fatalidade como se combater fosse o seu destino e não levar um salário para casa, trabalhar em boa paz e celebrar uma boda com alguma coisa mais que uns bolos secos e a promessas de filhos que amanhã serão o sustento dos pais e hoje a aflição de ter que repartir a sardinha. Digamos então que Faustina, que se foi com o noivo e com ele, a céu aberto,

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E esta , hem!!! Artigo de jornal russo sobre Portugal

Source: Pravda.ru


Foram tomadas medidas draconianas esta semana em Portugal, pelo
Governo liberal de José Sócrates. Mais um caso de um outro governo de
centro-direita pedindo ao povo Português a fazer sacrifícios, um apelo
repetido vezes sem fim a esta nação trabalhadora, sofredora,
historicamente deslizando cada vez mais no atoleiro da miséria.


E não é porque eles serem portugueses.


Vá o leitor ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores
socioeconómicos, e vai descobrir que doze por cento da população é
portuguesa, oriunda de um povo que construiu um império que se
estendia por quatro continentes e que controlava o litoral desde
Ceuta, na costa atlântica, tornando a costa africana até ao Cabo da
Boa Esperança, a costa oriental da África, no Oceano Índico, o Mar
Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da Índia e Sri Lanka. E
foi o primeiro povo europeu a chegar ao Japão….e à Austrália.


Esta semana, o Primeiro Ministro José Sócrates lançou uma nova onda
dos seus pacotes de austeridade, corte de salários e aumento do IVA,
mais medidas cosméticas tomadas num clima de política de laboratório
por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto
com o mundo real, um esteio na classe política elitista Português no
Partido Social Democrata (PSD) e Partido Socialista (PS), gangorras de
má gestão política que têm assolado o país desde anos 80.


O objectivo? Para reduzir o défice. Porquê?


Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?


Não, não é. O maravilhoso sistema em que a União Europeia se deixou
sugar, é aquele em que as agências de Ratings, Fitch, Moody's e
Standard and Poor's, baseadas nos Estados Unidos da América (onde
havia de ser?) virtual e fisicamente, controlam as políticas fiscais,
económicas e sociais dos Estados-Membros da União Europeia através da
atribuição das notações de crédito.


Com amigos como estes organismos e ainda Bruxelas, quem precisa de inimigos?


Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto forjado
por uma França tremente e com medo, apavorada com a Alemanha depois
das suas tropas invadiram o seu território três vezes em setenta anos,
tomando Paris com facilidade, não só uma vez mas duas vezes, e por uma
astuta Alemanha ansiosa para se reinventar após os anos de pesadelo de
Hitler. A França tem a agricultura, a Alemanha ficou com os mercados
para a sua indústria.


E Portugal? Olhem para as marcas de automóveis novos conduzidos pelos
motoristas particulares para transportar exércitos de "assessores"
(estes parecem ser imunes a cortes de gastos) e adivinhem de que país
eles vêm? Não, eles não são Peugeot e Citroen ou Renault. Eles são os
Mercedes e BMWs. Topo-de-gama, é claro.


Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD
(Partido Social Democrata da direita) e PS (Socialista, do centro),
têm sistematicamente jogado os interesses de Portugal e dos
portugueses pelo esgoto abaixo, destruindo a sua agricultura
(agricultores portugueses são pagos para não produzir!!) e a sua
indústria (desapareceu!!) e sua pesca (arrastões espanhóis em águas
lusas!!), a troco de quê?


O quê é que as contra-partidas renderam, a não ser a aniquilação total
de qualquer possibilidade de criar emprego e riqueza numa base
sustentável?


Aníbal Cavaco Silva, agora Presidente, mas primeiro-ministro durante
uma década, entre 1985 e 1995, anos em que despejaram bilhões de euros
através das suas mãos a partir dos fundos estruturais e do
desenvolvimento da UE, é um excelente exemplo de um dos melhores
políticos de Portugal. Eleito fundamentalmente porque ele é
considerado "sério" e "honesto" (em terra de cegos, quem vê é rei),
como se isso fosse um motivo para eleger um líder (que só em Portugal,
é!!) e como se a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fossem um
bando de sanguessugas e parasitas inúteis (que são), ele é o pai do
défice público em Portugal e o campeão de gastos públicos.


A sua “política de betão” foi bem concebida, mas como sempre, mal
planeada, o resultado de uma inapta, descoordenada e, às vezes
inexistente localização no modelo governativo do departamento do
Ordenamento do Território, vergado, como habitualmente, a interesses
investidos que sugam o país e seu povo.


Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção
de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o
transporte interno e fomentando a construção de parques industriais
nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que
assentava no litoral.


O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para
fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais rápido. Os parques
industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram criadas,
em muitos casos já fecharam.


Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE
vaporizou-se em empresas e esquemas fantasmas. Foram comprados
Ferraris. Foram encomendados Lamborghini, Maserati. Foram organizadas
caçadas de javalí em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O
Governo e Aníbal Silva ficaram a observar, no seu primeiro mandato,
enquanto o dinheiro foi desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal
Silva ficou a observar os membros do seu governo a perderem o controle
e a participarem.


Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio
partido político.


E ele é um dos melhores?


Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanitário, António
Guterres (PS), um excelente Alto Comissário para os Refugiados e um
candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro
em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo excelente
diplomata, mas abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora
Presidente da Comissão da EU, “Eu vou ser primeiro-ministro, só que
não sei quando”) que criou mais problemas com o seu discurso do que
com os que resolveu, passou a batata quente para Pedro Lopes (PSD),
que não tinha qualquer hipótese ou capacidade para governar e não viu
a armadilha. Resultando em dois mandatos de José Sócrates; um Ministro
do Ambiente competente, que até formou um bom governo de maioria e
tentou corajosamente corrigir erros anteriores. Mas foi rapidamente
asfixiado pelos interesses instalados.


Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este
primeiro-ministro, são o resultado da sua própria inépcia para
enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise
mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo
foram buscar três triliões de dólares (???) de um dia para o outro
para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, enquanto nada
foi produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou
projetos de educação).


E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria,
demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus
ministros pratiquem e implementem políticas de laboratório, que
obviamente serão contra-producentes.


O Pravda.Ru entrevistou 100 funcionários, cujos salários vão ser
reduzidos. Aqui estão os resultados:


Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou trabalhar menos (94%).


Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou fazer o meu melhor
para me aposentar cedo, mudar de emprego ou abandonar o país (5%)


Concordo com o sacrifício (1%)


Um por cento. Quanto ao aumento dos impostos, a reação imediata será
que a economia encolhe ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer
reduções simbólicas, que multiplicado pela população de Portugal, 10
milhões, afetará a criação de postos de trabalho, implicando a
obrigatoriedade do Estado a intervir e evidentemente enviará a
economia para uma segunda (e no caso de Portugal, contínua) recessão.


Não é preciso ser cientista de física quântica para perceber isso. O
idiota e avançado mental que sonhou com esses esquemas, tem os
resultados num pedaço de papel, onde eles vão ficar!!


É verdade, as medidas são um sinal claro para as agências de rating,
que o Governo de Portugal está disposto a tomar medidas fortes, mas
à custa, como sempre, do povo português.


Quanto ao futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de
um retorno do Governo de Portugal para o PSD, enquanto os partidos de
esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português) não
conseguem convencer o eleitorado com as suas ideias e propostas.


Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de
punir o povo por se atrever a ser independente. Essa classe, enviou os
interesses de Portugal para o ralo, pediu sacrifícios ao longo de
décadas, não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais
castigos.


Esses traidores estão a levar cada vez mais portugueses a questionarem
se não deveriam ter sido assimilados há séculos pela Espanha.


Que convidativo, o ditado português “Quem não está bem, que se mude”.
Certos, bem longe de Portugal, como todos os que podem estão a fazer.
Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora. Que comentário
lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico e uma classe
política abominável


Timothy Bancroft-Hinchey


Pravda.Ru

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